Eu, católico e queer, concatenando aparentes paradoxos

Vivendo em Comunhão
24 min readApr 29, 2024

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Por Reginaldo dos Santos Gomes (Casa Aelredo)

P.S. O texto que se segue é o primeiro capítulo de um livro que estou escrevendo. Como a ideia é popularizar o conhecimento ad nauseam, vou lançar, aos poucos o que for escrevendo.

Eu sempre estou me reinventando. Para que eu possa continuar sendo eu mesma. Não é sobre quem eu sou. É sobre quantas eu sou.

Madonna

The demand for an identity, and the injunction to break that identity, both feel, in the same way, abusive.

Michel Foucault

You can’t copy my je ne sais quoi.

Urias

Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos.

Adriana Calcanhoto

É preferível morrer como católico, a viver como protestante.
Citação apócrifa de Guy Fawkes

Aprofundar-se em História é deixar de ser um protestante.
John Newman

Pode parecer meio narcísico o primeiro capítulo desse livro ser sobre mim. Mas enfim, uma coisa óbvia para os marxistas e que os fundamentalistas demoraram séculos para entender é que não existe neutralidade. Fazer ciência é simultaneamente fazer ideologia. Mas esse aqui não é um livro de ciência. São devaneios organizados. Fique tranquila ou tranquila.

Do quilombo à Ilha do amor

Minha mãe perdeu a genitora quando tinha 14 anos. Isso a impulsionou a sair de casa quando conheceu meu pai, aos 15. Ela tinha 19 anos, engravidou do meu irmão mais velho. No entanto, quando ela engravidou de mim, meu pai sugeriu aborto. Eles moravam numa região quilombola. Havia um remédio abortivo que as mulheres tomavam, quando a gravidez era indesejada, segundo minha mãe.

Ela optou por continuar a gestação. Nas contas dela, a gestação durou 10 meses. Eu nasci em 1995, em Santa Rita, interior do Maranhão. Mas imediatamente fui levado para uma região quilombola na qual meus pais moravam. Um quilombo chamado Cajueiro.

Pouco tempo depois, minha mãe se separou do meu pai. Ele era muito irresponsável com as finanças, bebia excessivamente e a traía. Eles eram agricultores. Minha mãe se mudou por um tempo para sua cidade natal, Itapecuru Mirim. Ela tinha família lá e trabalhava lavando roupas. Éramos eu, ela e meu irmão.

Não muito tempo depois, minha mãe decidiu mudar-se para a capital, São Luís. Meu padrinho que também era irmão do meu pai morava lá e foi de grande ajuda. Ele criou 3 filhas biológicas e um adotado sozinho. Ele tinha muitos trejeitos femininos e minha mãe suspeita até hoje que ele é gay. Algo que nunca perguntamos e que não faz diferença. Ele dividia a casa, além dos filhos, com a irmã que também era solteira. Teve uma filha e nunca mais quis saber de homem. Essa filha é minha madrinha. Minha tia tinha trejeitos masculinos e adorava jogar futebol. Tenho uma lembrança agradável de que quando o time dela perdia, ela tinha que lavar as meias do outro time e eu e meu irmão ajudávamos a dobrar as meias.

Eu tive referências não heteronormativas desde cedo. Tio e tia queer e uma mãe chefe de família. Por um breve tempo eu e meu irmão moramos com nossos tios. Mas foi por pouco tempo.

Mudamos de bairro várias vezes. Era difícil encontrar um lugar em que o aluguel combinasse com o salário mínimo da minha mãe. Por um tempo tivemos primas e um tio morando conosco. Outras vezes, amigas da minha mãe passaram uma boa temporada conosco. Minha mãe queria garantir que não ficássemos sozinhos.

O início no universo da leitura, meus primeiros anos escolares e o precedente queer

Eu aprendi a ler em casa com 6 anos. Meu irmão me ensinou. Mas antes da minha inserção no universo da leitura, minha mãe passou de católica não praticante à evangélica da assembleia de Deus. Sendo analfabeta, ela reproduzia as histórias que ouvia na igreja como Daniel na cova dos leões que era a minha favorita, João e Maria e outras. Contava antes de a gente dormir e eu sempre pedia para que ela repetisse as histórias.

Quando eu aprendi a ler, minha mãe comprou uma bíblia infantil ilustrada com mais de 400 páginas. Eu devorei-a. Li e reli compulsivamente. Adorava as histórias do apóstolo São Paulo e suas viagens missionárias e os amigos que ele tinha. Minha mãe comprou outras versões de histórias bíblicas.

Em 2002, eu iniciei meus estudos na Unidade de Ensino Básico São Raimundo. Eu tive problemas. Os meus colegas estavam lá para ser alfabetizados e eu estava lá com uma carga de leitura densa. Eu dei muito trabalho para a professora Lidiane. Eu fazia as atividades antes de todo mundo e ficava ajudando e perturbando os colegas, ou correndo no pátio.

Eu não sabia, mas eu era extremamente afeminado, todavia isso nunca foi um problema para minha família. Isso nunca foi corrigido. No primeiro ano da escola, um garoto me chamou de bicha. Eu não sabia o significado de bicha, mas sabia que era um insulto. Como eu lidei com isso? Dando um soco no rosto do insultante. Começamos a brigar, de repente começou uma briga generalizada no pátio e lembro que meu irmão interferiu para me defender. Mal sabíamos que essa defesa ocorreria a quase vinte anos depois, ele como meu advogado e eu como réu numa delegacia. Mas isso vou explicar mais à frente.

Eu me tornei um aluno muito desleixado a partir da segunda série, mas adorava ler os livros didáticos em casa, principalmente os de português.. Resumindo, o meu ensino fundamental, eu era extremamente apático à escola. Eu adorava assistir a programação da MTV, ver animes e interagir com alunos mais velhos. Minha mãe trabalhava como empregada doméstica e havia uma criança lá. Os pais compravam muito gibis. Eu adorava gibis. A turma da Mônica eu li compulsivamente. Lembro também de umas histórias que a gente comprava e vinha com o cd contando a história. Eu gostava da história do gato de botas.

Minha confirmação de que eu tenho vocação para erudição e, por conseguinte, para ser um intelectual

No meu último ano do ensino fundamental, eu tive uma professora excepcional. Porém, eu matava aula para jogar um rpg na lan house. Foi então que ela contou a história de um ex-aluno dela. Ele era pobre, preto, gordo e gay. Sofria muito bullying. Ela contou que o incentivou a estudar com mais afinco, porque o conhecimento o faria ter sucesso no futuro. Ele concluiu os estudos e foi aprovado em um bom concurso. Eu achei a história interessante. Eu não gostava muito dela. Porque eu não gostava da escola e de sintaxe.

Ela me reprovou no segundo bimestre (no Maranhão, pelo que entendi, não podia reprovar os alunos, então dava-se várias oportunidades para que ele terminasse os estudos com nota mínima). Eu fui obrigado a fazer um trabalho para reparar a nota. O tema era crônica. Eu simplesmente me apaixonei pelo gênero. Li compulsivamente dezenas de crônicas e fiz O Trabalho. Eu redescobri a leitura como possibilidade de prazer e de fuga. Foi então que eu passei a me dedicar ao estudo sério das atividades que eram compostas. Fernando Sabino foi um forte aliado.

Eu fiz um trabalho sobre a Segunda Guerra magistral. Foi um seminário em que eu participei muito. Eu li tudo e separei os turnos de cada um. Na época os seminários em grupo eram feitos por uma única pessoa que dividia as falas e cada atuava de acordo com sua parte desconhecendo as partes dos outros. Eu comentei exaustivamente, principalmente quando alguém se mostrava inseguro. Fui extremamente elogiado

No mesmo ano, 2010, eu tinha aulas de filosofia e religião. Anualmente havia um evento parecido com uma feira de ciências. Só que nesse ano, a proposta foi fazer uma “feira das religiões”. Cada turma tinha que explanar uma religião. A minha turma ficou com o taoísmo. Nossa! Eu li compulsivamente informações sobre essa religião. Foi um trabalho exaustivo, mas gratificante. Fui demasiadamente elogiado pela professora de religião.

Eu fui um dos 3 melhores alunos de português na última série. Ganhei um ingresso para assistir uma peça no Teatro Arthur Azevedo, o segundo teatro do Brasil. Como Aristóteles previu, foi uma experiência catártica.

Uma digressão sobre a minha dissidência de gênero

Eu sempre fui uma mocinha. Sensível e inteligente. Na minha infância, eu detestava futebol. Era sempre o goleiro e tentava jogar para me socializar com os outros garotos. Mas eu preferia brincar de boneca com a minha amiga Bruna ou jogar videogame e pular elástico. A minha virilidade sempre foi algo questionado. Nunca algo explícito, mas sempre opaca. Eu era fascinado pelas mulheres e pelo universo feminino. Adorava “Três espiãs demais”, “Clube das winx”, “Juniper Lee” e era encantado pela Mandy de “As aventuras de Billy Mandy”. Os filmes da Barbie.

Fora isso, tinha minha mãe que fazia das tripas coração para dar o melhor para mim e meu irmão. Minha mãe sempre foi muito dedicada. inconscientemente, eu desenvolvi uma personalidade igual a da minha mãe. A risada espalhafatosa, a hospitalidade, a amabilidade e o ser carinhoso. Eu lembro que uma vez trouxe uma família que era muito íntima de mim. E a minha ex-amiga disse que ver a minha mãe “era como ver o Regi de saia”.

Na adolescência, quando me apresentaram um jogo de RPG na lan house, eu podia escolher jogar com um personagem masculino ou feminino. Imagina o que eu escolhi? Eu era “Sakuramortal”. Já tinha sofrido muita influência de Naruto e Mortal Kombat nessa época. Lá eu podia ser uma garota e ninguém me zoava por isso. Como no jogo havia casamento, alguns garotos escolhiam personagens femininas para tentar alguma vantagem, até se passavam por garotas.

Problemas de sexualidade e minha mudança para Goiás

Eu tenho sérios problemas em distinguir sentimentos. Se eles são apenas uma apreciação estética (achei bonito), fraternos, românticos ou sexuais. Quando eu comecei a ter pelos eu detestava. No entanto, com as aulas de educação sexual na escola e todos os meus amigos estavam com algum esquema, ou falando sobre sexo, pornografia e masturbação.

Parafraseando Camille Paglia, eu me sentia uma Entidade sem sexualidade, um alienígena de sexualidade. Eu não conseguia me imaginar tendo relações sexuais com mulheres, muito menos com homens. Eu me sentia atraído por homens, no sentido de que eu queria ser que nem eles, queria ser normal. Mas de tanto a normalidade me ser negada, eu decidi possuí-la à força.

Peguei um DVD pornô com um vizinho e passei a me masturbar. Foram duas experiências horríveis. Mas eu fiz várias vezes na tentativa de ser um adolescente normal.

Em 2011, meu irmão, minha mãe e eu mudamos para Goiás. No final de 2010, eu voltei a ser um leitor voraz depois de haver tido uma catapora que me impossibilitou de ter contato com muitas pessoas. Eu li uma versão adaptada de “O triste fim de Policarpo Quaresma”. Foi assim que me tornei um nacionalista inveterado.

Em seguida, eu li “O Pequeno Príncipe”, fiquei impressionado. Queria ter Amizades como a da Raposa. Esperava encontrar isso em Goiás. Mas me deparei com bastante xenofobia. Riam do meu sotaque. Até que a professora de português evocou uma ficção que circula em muitos lugares: São Luís é a cidade onde melhor se fala português no Brasil.

Eu fiz um amigo que veio de Roraima para cá. Ele não ficou até o fim do ano. Mas mantemos Amizade até hoje. A professora de Artes era pernambucana. Mantemos contato até hoje também. Eu era o queridinho das professoras.

Como eu sobrevivi ao ensino médio e fui parar numa igreja presbiteriana

O primeiro ano foi de adaptação. Eu já estava mais enturmado no segundo. No terceiro foi o auge. Eu conheci uma professora que me salvou. Eu passava muito tempo na biblioteca da cidade e adorava ler os clássicos. Mas a professora Márcia Cristina foi a mulher que mais acreditou em mim. Pensa numa mulher que investiu seriamente em minha formação como um ser humano humanista e crítico.

Com a Márcia eu vi filmes na casa dela, ela me emprestou vários DVD, revistas e livros. Até hoje eu lembro o choque de ter lido “A insustentável leveza do ser” e “Cem anos de solidão”. Ela me deu dois livros. Ela me levou à UFG no câmpus do Samambaia e disse que aquele lugar seria o meu futuro. Mas não precisava me preocupar, pois teria muito tempo. Sugeriu que eu tirasse um ano sabático. O que eu fiz.

Em 2013, eu ainda frequentava a igreja assembleia de Deus. Foi então que participando de movimentos de pregação e oração na escola e sendo um rockeiro cristão, eu passei a contestar os ensinos da igreja. Eu li em algum lugar que o batismo com o Espírito Santo não tinha nada a ver com falar em línguas. Estudando as Sagradas Escrituras, descobri que o dízimo não tinha base no Novo Testamento. Havia insistentes pregações para que se “devolvesse” o dízimo para ser abençoado. Tinha um obreiro que dava até o dízimo da cana que ele tinha plantado no quintal. O pastor não tinha resposta para os meus questionamentos e estava na moda ser um desigrejado. Foi esse rótulo que me dei.

Conversando com um amigo, que frequentava uma célula da igreja luz para os povos, ele me convidou para ir um dia. Foi então que conheci os vídeos do reverendo Augustus Nicodemus. Apesar de ser uma célula de igreja neopentecostal, eles não seguiam o roteiro. Eu imediatamente procurei uma igreja presbiteriana para congregar. Fui sozinho. Depois meus amigos foram. Mas depois se desviaram, um deles resolveu se assumir como gay e entendia a incompatibilidade da fé com o tipo de vida que ele queria levar. O outro, recentemente tornou-se a outra. Hoje vive como uma mulher transgênero. Como reclamou o profeta: só fiquei eu de resto.

Sexualidade contestada, o início da “fase” gay

Minha aproximação da igreja presbiteriana foi intensa. Enquanto maratonava estudos e sermões do reverendo Augustus Nicodemus. Pegava livros emprestados com o pastor, comprei dezenas de livros sobre teologia reformada, queria entender a mente calvinista e ser digno de merecer esse título.

Eu estudei exageradamente, jogado aos pés de Calvino. Eu queria ser o Augustus Nicodemus da minha geração. Conversei com o pastor sobre minha vontade de ser pastor. Ele disse que eu tinha que ser membro pelo menos por um ano.

Eu gostava de conversar com ele. Ele entendia de teologia, diferente da maioria dos membros da igreja que eram apáticos à sua tradição. Isso me irritava profundamente. Eu gostava de marcar um horário no gabinete dele e ficar conversando aleatoriamente. Foi então que ele pediu para que eu levasse uma lista das coisas que eu queria conversar com ele. Ele parecia achar uma perda de tempo conversar aleatoriamente.

Numa de nossas conversas, ele perguntou por que eu não arrumava uma namorada. Eu ri de desespero. Ninguém nunca tinha me perguntado isso. Eu me senti constrangido, porque eu não sabia o que responder. Se você estiver lendo esse texto em pé, sente-se, porque você vai ler a analogia mais esdrúxula que se pode imaginar.

Ele me olhou fixamente e disse: Deus te deu um carro, você não pode deixá-lo na garagem, leve ele para passear. Eu ri disso também na hora e rio toda vez que eu lembro e sempre que posso conto essa história.

Pouco tempo depois, ele sugeriu que a mocidade fizesse uma simulação de debate sobre homossexualidade. Um grupo seria a favor e outro contra. Foi então que eu fui ligando os pontos. Eu não queria me casar, isso provavelmente significava que eu era gay. Eu sentia uma atração fraterna por homens e mulheres (com quem me identificava mais). No seu livro “Sexo, Arte e Cultura Americana”, Camille Paglia afirma: a masculinidade é conquistada através da rebelião contra uma mulher e pela validação de outros homens.

Durante a minha formação enquanto sujeito homem, eu recebi muito incentivo de mulheres e meninas na infância. Eu não tinha me rebelado contra minha mãe e quase sempre era deixado de escanteio pelos homens “normais”. Eu buscava avidamente validação masculina. E isso foi confundido com homossexualidade.

Sexualidade “diagnosticada”, vivendo como um cristão gay celibatário calvinista

De repente eu era gay. De repente nada. Segui todos os estereótipos. Foi então que eu passei a pesquisar sites que tratavam da homossexualidade numa perspectiva ortodoxa. Comprei diversos livros sobre o tema. Até os de “cura gay”. Eu fui ensinado a pensar que a ausência paterna que tive foi um determinante crucial para o desenvolvimento da minha veadagem. Eu não havia recebido o amor de um pai, portanto, eu buscava isso em outros homens. Essa perspectiva estava tão em voga em 2014, que meu pastor disse que eu deveria amar o meu padrasto como a um pai. Sugerindo que quem sabe assim, eu não “sarasse” da minha boiolagem.

Ainda em 2014, o reverendo Augustus Nicodemus mudou-se para Goiânia. Ele fez uma palestra sobre relações sexuais de acordo com a bíblia. Eu fui com alguns amigos. Ao final da palestra, ele abriu para que o público perguntasse. Uma mulher perguntou se homossexualidade era possessão demoníaca.

Ele assertivamente respondeu que não. Tratava-se de um pecado como qualquer outro. E se tínhamos conhecimento de que algumas pessoas nascem predispostas ao alcoolismo e outros pecados, podíamos imaginar que algumas pessoas podiam nascer com tendência à homossexualidade. Era uma consequência natural do pecado original. Disse também que a igreja tinha um corpo de presbíteros que estavam dispostos a ajudar quem estivesse enfrentando esse problema. Isso foi bastante positivo de se ouvir. Eu não sabia como introduzir o assunto com o pastor da minha igreja local.

No final de outubro, num evento que celebrava o dia da reforma protestante, eu encontrei o reverendo Augustus no saguão da igreja e pedi o e-mail dele. Um rapaz tentou nos interromper, mas o reverendo disse para ele esperar a conversa que estávamos tendo. Eu me senti importante. Tempos depois eu enviei o e-mail explicando minha descoberta sobre a minha sexualidade. Ele pediu para marcar um horário com a secretária dele. Marquei e tivemos um grande encontro.

Ele me recebeu no seu gabinete com sua suntuosa biblioteca. Era livro para todo lado e em vários idiomas. Eu fiquei estupefato. Tivemos uma conversa maravilhosa, ele foi super acolhedor. Contou que havia outros cristãos como eu. Disse que o celibato era o caminho mais seguro.

Ele tem sido bastante generoso comigo, me emprestou livros, me deu livros, me deu dinheiro para comprar livros, pagou aulas de piano clássico, quando as contas apertaram e eu estava desempregado, ele mandou uma grana razoável sem eu pedir. Fora isso, as dezenas de conselhos que ele já me deu e sua disposição contínua em manter um diálogo.

O diagnóstico sem aspas de bipolaridade e a saída gradual do armário

Em 2015, eu entrei para o curso de Letras no IFG e continuei a pesquisar gênero e sexualidade, só que agora sob uma supervisão de uma professora que foi orientanda da dra. Joana Plaza Pinto, professora da UFG, que fez estágio de doutorado na França sob supervisão de ninguém menos que o filósofo desconstrucionista Derrida. Ela coordena um grupo de estudos que existe há mais de 20 anos sobre práticas identitárias com ênfase em pós-estruturalismo.

No mesmo ano, eu contei sobre minha dificuldade com psiquiatras pelo SUS ao reverendo Augustus. Ele conseguiu que um psiquiatra da igreja me atendesse de graça. Ele me atende até hoje sem cobrar um centavo.

Em 2016, eu combinei de fazer o Enem para tentar cursar Filosofia na UFG com alguém que eu pensava que era meu amigo, ele era policial. Deu tudo certo e em 2017, eu ingressei na Fafil (UFG). Minha sexualidade dissidente já não era mais um segredo. E isso começou a ser usado contra mim. Eu sempre fui muito afetuoso e havia uns jovens heterossexuais bem liberais. Nossa interação era cheia de conversas com conotação sexual. Daí, esse meu colega que entrou comigo passou a sugerir que eu estava dando em cima dos outros colegas.

Outro acontecimento marcante foi com o irmão desse policial. Eu estava na casa dele. Conversamos sobre vários assuntos. Inclusive sobre sexualidade. Quando eu fui embora. Ele decidiu mandar um áudio para o irmão dele e acabou mandando para mim. No áudio, ele dizia que eu era incorrigível e disse que eu era um “boiola sem limites”. Eu ri demais disso. Porque achei graça e porque estava desesperado por não encontrar acolhimento.

Foi então que eu comecei a manifestar sintomas de mania e psicose. Eu tive alucinações megalomaníacas. Eu achava que conseguiria concluir a universidade em um ano, porque tinha aula nos três turnos. Eu cheguei a frequentar os três períodos. Debati com um professor. Comecei a criar um grupo de estudos libertários, baseado nos estudos de Camille Paglia e no anarquismo do Jacques Ellul.

Outro sintoma do episódio lmaníaco que eu manifestei, foi me desfazer das minhas posses. Eu tinha uma biblioteca formidável. Eu peguei todos os livros, coloquei em uma mala e levei para a faculdade. Distribui gratuitamente dezenas de livros.

Outro sintoma do episódio maníaco é a logorreia. Literalmente uma diarreia de palavras. Eu não conseguia ficar calado. Estava sempre falando com alguém. Houve uma vez que eu estava no Terminal Padre Pelágio e entrei no ônibus. Sentei-me ao lado de uma mulher. Puxei assunto com ela e ela disse que estava muito triste porque havia sido assaltada e levaram o celular dela. Ela trabalhava num hotel e não tinha como se comunicar com o filho que estava em casa sozinho. Eu imediatamente, sem pensar duas vezes, tirei o chip do meu celular e o dei a ela. Ela ficou muito grata. Mas eu fiquei mais. Como o dito de Jesus: é melhor dar do que receber. Isso é muito real no episódio maníaco.

Eu passei umas duas noites fora de casa sem dar notícia para minha família. Eu acho que fui dado como desaparecido pela polícia. Dormi na casa de colegas e comecei a perder a conexão com a realidade. Minha vida não tinha sentido. O mundo não tinha sentido. Eu comecei a andar sem rumo pelas ruas de Senador Canedo. Lembro que estava vestindo duas camisas e fui até uma área cheia de eucaliptos que é caminho para muitas chácaras. O meu corpo caminhava de maneira automática e autônoma. Tentei entrar numa chácara para olhar o córrego de mais perto. Levei um choque da cerca. Mas acho que entrei mesmo assim. Lá, eu tirei uma das camisas e pensei “talvez alguém que precise ache”, depois saí de lá e tirei minhas chinelas e deixei no meio da rua com o mesmo sentido.

Foi então que eu voltei para a região mais movimentada da cidade. Continuei andando sem sentido. Alguém me viu e avisou à minha família. Minha mãe e meu irmão apareceram imediatamente e me levaram ao psiquiatra. Foi então que ele me diagnosticou com transtorno bipolar. O episódio maníaco pode ter sido gerado por pressões externas e/ou pelo antidepressivo. O diagnóstico para transtorno bipolar costuma durar 5 anos, porque há vários outros transtornos de humor. Eu levei 4 anos para ser diagnosticado.

Ele passou um antipsicótico e um estabilizador de humor. Sugeriu internação, mas minha família foi contra e disse que cuidaria de mim em casa. Ele também passou um relatório para que eu pudesse voltar a estudar e fazer as atividades que perdi.

Uma disciplina injusta

Impulsividade e irritabilidade também são sintomas de um episódio maníaco. Num desses arroubos de impulsividade, eu fiz uma exposição daquele rapaz que insinuava que eu estava flertando com colegas de turma. Mostrei prints de conversas. Não somente isso, como fiz uma espécie de carta aberta expondo a negligência do pastor em resolver o caso. Eu havia comunicado a ele a situação do áudio e das acusações infundadas de flerte. Ele disse que resolveríamos isso em uma reunião com o conselho da igreja no terceiro domingo do mês. Uma pessoa, em um episódio maníaco, não tem paciência.

Veio o dia da grande reunião. Lá, quando eu fui dizer que fui chamado de boiola, um presbítero disse que eu não precisava repetir o insulto. Estávamos eu e os dois irmãos. O conselho determinou que eles me pedissem perdão. O que fizeram. Mas o tiro saiu pela culatra. Eles foram absolvidos da sua homofobia e eu fui condenado a ficar em disciplina por tempo indeterminado, pelo fato de ter exposto a igreja na internet.

Eu me senti muito injustiçado e passei a procurar outra igreja, não me adaptei a duas batistas que fui e resolvi voltar, afinal, eu estava predestinado a ser calvinista. Eu voltei à igreja presbiteriana e conversei com o pastor e disse que lá era o meu lugar. Perguntei o que tinha que fazer para ser restaurado à comunhão. Ele disse que eu deveria dar sinais de arrependimento, tendo aconselhamento e frequentando os cultos. Foi dolorido ir à igreja e ouvir ao final do culto, para toda igreja que eu havia cometido um pecado e estava em disciplina e se as pessoas quisessem detalhes que procurassem um membro do conselho.

Eu não faltei a um culto, ia à escola bíblica, participava de tudo. Exceto da santa ceia. Acho que devo ter ficado uns 4 meses de molho. Nesse meio tempo, eu abandonei o curso de Filosofia e voltei ao curso de Letras. O meu humor foi de euforia ao fundo do poço. Eu passei a manifestar sintomas de depressão. Eu dormia horrores. Antes de voltar ao IFG, eu me sentia muito culpado e achava que minha vida deveria chegar. Fiquei procurando meios letais para resolver isso. Eu não podia comungar do corpo e sangue de Cristo. Eu era muito pecador, aquilo aconteceu porque eu permiti, eu merecia a morte. Tempos depois eu fui restituído.

A mulher que me salvou

No segundo semestre de 2017, eu voltei ao IFG. Caí numa outra turma e não conhecia ninguém. Foi o olhar atento que de uma colega que percebeu que eu precisava ser acolhido. A Kamilla, logo na primeira semana me convidou para ir à casa dela depois das aulas. Estudávamos à tarde e ela disse que se eu quisesse eu poderia dormir na casa dela. Eu queria, mas fiquei ressabiado. Mal conhecia aquela mulher e os outros colegas.

Tivemos uma professora substituta de Literatura Brasileira 1. O nome dela era Regina. Ela passou uma prova com consulta. A maioria da turma tirou menos de 6 e eu tirei 9.5. Aí um amigo me parabenizou e eu disse a ele que eu só havia tirado uma boa nota, porque o nome Reginaldo deriva do nome da professora . Ele disse que nunca tinha notado isso e que passaria a me chamar de Regina. E foi por esse apelido que passei a ser conhecido no campus.

A Kamilla tornou-se uma amiga inseparável. Ela fez outra social na casa dela e dessa vez eu dormi lá. Ela era agnóstica e o marido ateu. A gente se dava bem mesmo com essas diferenças.

O homem que tem me salvado

O Ulisses foi meu veterano em Letras. Um flamenguista inveterado. Não éramos muito próximos em 2015. Mas a partir de 2018, depois de uma viagem que fizemos a Paraty nossas almas se uniram de tal forma que nos tornamos inseparáveis. Ele adorava filosofia assim como eu. Mal imaginávamos que nossa Amizade tornar-se-ia inseparável.

Compartilhamos memes, conversamos sobre filosofia e assuntos relacionados à ciência em geral. Aleatoriamente nos presenteamos. Conversamos todos os dias. Ele é muito leal e me fez abrir os olhos para muitas coisas. Ele se declara ateu não praticante, mas não deixa a avó dele saber.

Eu me sinto muito amado, inteligente, acolhido, desejado como companhia e feliz ao lado dele. Ele é o meu Davi e eu sou o seu Jônatas. Já passamos por tantos perrengues juntos, mas Deus e Atena têm nos sustentado.

Abandonando o presbiterianismo, em busca de uma igreja não fundamentalista e mais profunda, dando um mergulho no pires do neocalvinismo e quebrando a cabeça

Desde 2017, eu seguia o projeto do lecionário evangélico. Aprendi que havia mais estações no calendário litúrgico do que o Natal e a Páscoa. Aos poucos, eu passei a prestar atenção nas cores, na liturgia e em como isso não era seguido pela minha igreja.

Em um evento que ocorreu em 2018, com um filósofo de pequena importância (e que já foi meu amigo, pelo menos eu achava que era), ele havia lançado um livro sobre cristianismo e política. Uma coisa que me irrita bastante no neocalvinismo, que eu só fui entender anos depois, é o uso abrangente do termo cristão, quando na verdade, eles estão falando estritamente da tradição neocalvinista. A cosmovisão cristã não é cristã, ela é apenas um recorte de uma parcela sem muita relevância do cristianismo.

Enfim, nas eleições de 2018 a animosidade estava no ápice. Fake news sobre Haddad no grupo da igreja. A igreja se tornou um lugar hostil. Eu fui visitar uma igreja de orientação neocalvinista. Eles seguiam o lecionário e o pastor usava uma estola, havia quadros com cenas bíblicas e um ícone de Jesus. Aquela igreja servia a santa ceia todo domingo e as crianças participavam. Comuniquei ao pastor presbiteriano que deixaria a igreja presbiteriana e migraria para essa outra igreja. O único problema era a distância, eu tinha que sair de casa às sete para o culto das 10.

Nessa igreja eu pude ser mais aberto. Eu adorava participar da ceia toda semana. A maioria das pessoas eram gentis e fraternais. Era uma igreja super engajada no campo das artes. Mas minha estadia não demorou muito ali. Fiz e desfiz amigos e amigas. Eu tive meu primeiro grupo de leitura lá. Tinha a chave da igreja e fui bem atuante, como eu fui com nas demais, mas esqueci de mencionar.

Novas convicções, ou surfando no hype do luteranismo

Em 2020, o luteranismo hitou durante a pandemia no meu círculo social. As críticas, do Surian e de outros luteranos, fizeram-me questionar minhas convicções neocalvinistas e abalaram minha crença na teologia reformada. Depois de muito estudo, tornei-me luterano da (IELB), a ala mais conservadora do luteranismo brasileiro.

O ciclo se repetiu. Fiz amigas e amigos. Disseram que me amariam para sempre e com frequência estávamos juntos. O pastor não entendia muito de sexualidade e gênero. E eu estava em transição de gay para assexual e de cis para não binário. Eu tinha muita disforia de gênero. Eu queria amputar o meu pênis, ele parecia uma parte sobrando no meu corpo e que poderia me causar problemas no futuro.

A IELB tem posicionamentos oficiais sobre homossexualiade e sobre identidade de gênero. Os documentos são demasiadamente obtusos, falam de uma suposta heterofobia e eram bem retrógrados sobre gênero. Eles amam atacar espantalhos. O pastor não tinha nenhum preparo para lidar comigo. Eu até cheguei a escrever textos para subsidiar os documentos futuros da igreja.

Eu comecei a ter algumas divergências. Uma era sobre o uso de um crucifixo. A igreja havia ganhado uma imagem de Jesus crucificado. Só que não era usada em todos os cultos. O pastor anterior antes de ser luterano, foi pentecostal e era iconoclasta. A família dele passou a boicotar os cultos e eles optaram por não usar a imagem. E eu sou encantado por arte sacra e pagã também.

Outro ponto central foi a questão do sacramento. Eu acreditava no “ex opere operato”, expressão latina que significa “pela obra operada”. Essa expressão foi usada para dizer que os sacramentos dependem exclusivamente do sacrifício de Cristo. Sua eficácia não depende do ministro ou dos sentimentos de quem recebe os sacramentos. Eu já havia tido essa discussão com um pastor presbiteriano muito inconveniente. Em suma, o pastor luterano acreditava que se o sacramento não fosse recebido por fé, ele não seria eficaz.

Com tantas transições de igreja, eu me considerava muito incrédulo. Como eu saberia que eu tinha fé suficiente para participar do sacramento? Enfim, por vezes, eu havia recebido o sacramento incrédulo e isso me fortaleceu.

O maníaco voltou e nem todo mundo soube lidar com isso

No final de 2020, eu resolvi me consultar com uma psiquiatra que eu podia pagar. Eu fui acometido por uma depressão profunda. Passava o dia todo pensando em suicídio. Comecei a pesquisar por venenos letais. Recebi um alerta do google para procurar ajuda. Eu não queria tentar suicídio. Eu queria concretizá-lo na primeira tentativa.

Eu comuniquei à psiquiatra. Ela suspendeu imediatamente o antipsicótico e prescreveu um antidepressivo. Eu senti uma melhora substancial. No entanto, eu fiquei animado demais por volta de 2021. Novamente, eu fui acometido por um episódio maníaco dessa vez com alucinações severas e psicose aguda

Muita coisa aconteceu e nem todo mundo soube lidar com isso. O pessoal da igreja me tratou como se eu fosse uma pessoa de má índole, não um doente, e romperam comigo. Declararam-me persona non grata.

Eu fiz muitas coisas das quais eu não me lembro, como inventar histórias sobre pessoas que antes eram queridas. Fui processado. Mas conseguimos chegar a um acordo. Tenho uma audiência a ser marcada para explicar o que aconteceu a um promotor. Muita gente se afastou. 2021 foi definitivamente o pior ano da minha vida.

Mas como disse uma amiga queer minha, que também é profissional da saúde: não dá para amar o Reginaldo pela metade, é preciso abraçar todas as suas imperfeições. Outro amigo disse que não importa quantos episódios maníacos eu tenha, ele sempre estará ao meu lado. Eu recebi um apoio irrestrito da minha família que me levou ao médico que me atende de graça, tentou pagar a consulta, mas o psiquiatra se recusou a aceitar e voltou a me atender de graça. Mesmo eu tendo-o “traído”. Algumas amigas e amigos seguiram o exemplo da minha família e me apoiaram irrestritamente. Eu fui muito preterido, mas também muito amado.

Em busca de descanso, de volta à Igreja Mãe

Eu não podia voltar à luterana, mesmo que me humilhasse pedindo perdão. Eu cogitei voltar à outra igreja presbiteriana de um pastor com quem tenho cultivado Amizade. Mas a impressão que tive foi a de que eu estaria engolindo meu próprio vômito e fingindo que isso era normal.

De repente surgiram, com clareza, alguns critérios. Eu lembro de uma vez que conversei com um pastor (que acabou virando um amigo próximo), que é mestre em Filosofia, tem uma pesquisa formidável sobre Rousseau e trabalha também como concursado na prefeitura, sobre a igreja que eu queria fazer parte. Eu disse a ele que eu queria fazer parte de uma igreja bonita.

A Igreja matriz da minha cidade tem o formato de hóstia. Tem vitrais belíssimos que retratam a via sacra e outros momentos da história da redenção. Dentro tem uma escultura de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira da cidade. Uma escultura de Jesus crucificado e uma cruz vazia.

Um dia eu resolvi ir a uma missa e fiquei encantado. Fui surpreendido pela beleza. Na semana seguinte eu fui atendido pelo padre Max que ficou feliz com a minha procura. E me indicou ler o Catecismo e a participar da catequese.

Voltar para a Igreja Mãe fazer uma reconciliação comigo mesmo e com a história dos meus ascendentes. Minha avó materna era católica e minha mãe contava muito da sua história. Seu esforço para ir a lugares distantes para ouvir a Missa da semana santa pelo rádio. Não é à toa que o primeiro nome da minha mãe é Maria.

Eu passei a lembrar dos textos do filósofo católico Ron Belgau sobre Amizade e o prazer de servir em celibato. Mas com certeza, quem mais me fez querer ser católico foi a poeta Adélia Prado, considerada a maior poeta brasileira viva. Seus poemas destilam catolicismo. Eu queria ser igual a ela. Seus poemas têm uma qualidade estética sem par.

Em 2022, eu comecei a catequese, tive a sorte de ser catequizando de duas mulheres maravilhosas, a Aline e a Maria. Eu aprendi muito com elas. Sempre dinâmicas e sagazes para tornar a catequese interessante. Crismei no dia 10 de junho de 2023 a Aline e seu marido Jefferson se tornaram meus padrinhos de Crisma.

A Igreja Católica tem estrutura para receber pessoas queer?

Desde os meus primeiros encontros com o padre Max e expus o fato de ser um dissidente de sexualidade de gênero. Eu fui testando a Igreja para saber se era um lugar seguro. Fui de unha pintada. Fui com um cropped que tinha o Stitch e bandeira LGBT por trás. Ninguém nunca me criticou ou olhou torto. Eu costumo dizer que fui abraçado pela Igreja Católica, assim como a minha mãe me abraça todos os dias.

A Igreja Católica tem uma história longa e está sempre se reinventando para continuar sendo ela mesma, como no comercial com a Madonna. A Igreja tem avançado muito em pautas sociais. Tem refletido sobre como dirimir a pobreza e mitigar as desigualdades sistêmicas impostas pelo neoliberalismo..

Eu me sinto muito acolhido na Igreja Católica, eu não preciso me esconder, mas também não sou exibido como um troféu. Sou apenas um corpo queer, que faz parte de um Corpo maior, um corpo que pesa, parafraseando o título do livro de Judith Butler.

Eu me sinto feliz sendo um leigo celibatário. Catequista e mediador de leitura dos jovens. Tenho sido muito amado, livre e muito feliz. E é assim que eu quero que toda pessoa se sinta independente de sua identidade de gênero e de sua sexualidade.

O melhor ainda está por vir

Eu ocultei vários detalhes da minha história. Ora por esquecimento, ora porque alguns assuntos ainda são muito sensíveis para mim e eu preciso amadurecê-los. Ano que vem pretendo lançar minha autobiografia. Serei bem detalhista. Esperem mais um pouco. A recompensa talvez seja satisfatória. Hasta luego!

09 de março, Quaresma de 2024.

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Vivendo em Comunhão

Iniciativa fraterna interessada em promover a perspectiva cristã saudável sobre gênero, sexualidade, raça, Comunhão, Amizade e Hospitalidade.